Inicialmente tratado como uma raridade, o ataque de peixes a banhistas em um balneário de Bonito, a 295 quilômetros de Campo Grande, já soma 30 casos encaminhados ao hospital municipal. Diante da frequência dos ataques, o atrativo foi parcialmente interditado.
Os ataques não ocorreram em apenas um atrativo do município. Em abril de 2024, o primeiro caso ganhou repercussão após uma turista de São Paulo ter o pé mordido por um dourado. Além disso, os episódios recentes indicam que o “vilão” da vez seria o peixe tambaqui, espécie introduzida no lago artificial de um dos atrativos turísticos.
Contudo, ninguém imagina ser atacado por um peixe durante um banho nas águas cristalinas da região. Contudo, em entrevista ao Jornal Midiamax, o médico Rui Barros, presidente da SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão), apresenta orientações de primeiros socorros em casos de mordida de peixe.
Em casos de amputação traumática da mão, por exemplo, por mordida de peixes como piranhas, tubarões ou outros mais agressivos, o atendimento rápido e adequado é essencial. Logo, as primeiras medidas incluem:
Segundo o especialista, também é fundamental, principalmente, preservar corretamente a parte amputada. Ela deve ser envolvida em gaze ou pano limpo e úmido com soro fisiológico ou, na ausência deste, com água limpa. Em seguida, deve ser colocada dentro de um saco plástico limpo e bem fechado.
Esse saco deve ser colocado dentro de outro recipiente com gelo ou água gelada. Além disso, o gelo não deve entrar em contato direto com o membro amputado. A temperatura ideal é de cerca de 4?°C — o que representa refrigeração, e não congelamento.
O tempo é fator crítico para garantir a viabilidade da parte amputada e um possível reimplante. Sendo assim o ideal é que o reimplante ocorra:
Ainda assim, é fundamental encaminhar o paciente o mais rápido possível para uma unidade com equipe de microcirurgia reconstrutiva.
Mordidas de peixes são altamente contaminadas. Segundo Barros, o tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos de amplo espectro, como uma das opções abaixo:
Além disso, é necessário verificar a carteira de vacinação para prevenir o tétano. Dependendo do caso, será necessária a administração da vacina antitetânica e/ou soro antitetânico. Também se considera, ainda que raramente, a prevenção contra a raiva aquática, dependendo da região.
Para manter a viabilidade do tecido, é essencial evitar traumas adicionais durante o transporte, bem como o contato direto com gelo ou água (o que pode causar necrose por congelamento). Deve-se manter o ambiente o mais estéril possível. Sobretudo, a refrigeração contínua e estável até a chegada ao hospital aumenta as chances de sucesso.
“A reabilitação é essencial para o sucesso funcional. Pode durar de seis meses a dois anos, dependendo da gravidade da lesão, idade do paciente, tipo de mordida e resposta individual”, destaca Rui Barros.
Fase inicial (2 a 4 semanas após a cirurgia):
Intermediária (4 a 8 semanas):
Avançada (acima de 8 semanas):
A Prefeitura de Bonito e o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) implantaram medidas de segurança para evitar novos incidentes com mordidas de peixes, por exemplo, uma barreira de contenção para impedir o acesso de peixes de médio e grande porte à área de banho, ao bar molhado e à tirolesa.
“Ressaltamos que estamos sempre atentos a situações pontuais que possam surgir, com o objetivo de aprimorar continuamente a qualidade da experiência dos turistas em nosso município. Bonito tem implementado o Sistema de Gestão de Segurança em seus principais atrativos turísticos, bem como os dois atrativos públicos gerenciados pela Prefeitura – a Gruta do Lago Azul e o Balneário Municipal.”
Portanto, com essas ações, os atrativos se preparam para lidar com diversas situações, reduzindo significativamente a probabilidade de acidentes. Sendo assim, as unidades identificam oportunidades de melhoria contínua, oferecendo uma experiência mais segura e positiva aos visitantes que escolhem Bonito como destino.