O músico Philipe Eugenio Calazans de Sales, de 38 anos, é acusado pela namorada de 37 anos, jornalista e vocalista da Sócios Band, de ter a agredido no dia 3 de março, em Campo Grande (MS).
Inicialmente, o caso aconteceu e seguiu em sigilo, mas ganhou visibilidade nesta 3ª.feira (12.mar.25), quando o acusado ganhou libertado provisória, sob a condição de monitoramento eletrônico.
A soltura de Calazans foi publicada na edição do dia 11 de março no Diário Oficial da Justiça. Eis a determinação:
Namorando o acusado há quatro anos, a vocalista da Sócios Band não morava na mesma casa.
Na data do apontado cometimento do crime, é relato que ambos seguiam de carro para a residência da vítima, acompanhados da filha bebê oriunda do namoro, depois de passar a tarde com amigos celebrando o feriado de Carnaval.
Ao chegarem ao imóvel, o músico agrediu a jornalista com um golpe no rosto, dizendo: "Agora você vai ter o que falar".
De acordo com informações do boletim de ocorrência, a vítima foi atingida por diversos golpes enquanto segurava a filha no colo.
Após a agressão, a jornalista buscou abrigo na casa de uma vizinha e enviou um vídeo para seus irmãos. Um deles, que é policial civil, chegou rapidamente ao local. Juntos, eles se dirigiram ao condomínio onde o agressor reside, no Bairro Morada Verde.
No local, o irmão da vítima deu voz de prisão ao músico, que foi então conduzido à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) com apoio da Polícia Militar.
A jornalista, com ferimentos visíveis, procurou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino. Lá, foi constatada uma lesão no nariz e a necessidade de pontos no supercílio. Posteriormente, ela foi encaminhada à Santa Casa para a realização de uma ressonância magnética.
Em um vídeo compartilhado pela vítima nas redes sociais, ela aparece com o rosto ensanguentado e com a filha no colo. Durante a gravação, ela desabafa: "Eu fui agredida. Ele não vai mais encostar a mão na minha filha, por porra nenhuma, ele me bateu!".
No dia seguinte, a jornalista se dirigiu ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), onde foi realizado o exame de corpo de delito. As agressões foram confirmadas e anexadas ao processo. Ela relatou que não conseguiu se defender, pois estava protegendo a filha dos golpes.
Após ser preso em flagrante, o músico acusado recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e obteve liberdade provisória.
Além da tornozeleira eletrônica, a justiça determinou que Philipe não poderá se aproximar da vítima e deverá comparecer mensalmente à Justiça para justificar suas atividades e comprovar seu endereço.
A decisão judicial ainda determina que a filha do casal tenha direito de visita ao pai, conforme estipulado pelo juízo responsável.
Na decisão, consta que o músico foi solto porque “apenas tentou se defender dos ataques verbais e físicos cometidos pela suposta vítima, não havendo qualquer ato que desabone sua conduta” e que também dificilmente o suspeito será condenado para cumprir pena em regime fechado. “Dada cominação em abstrato fixada para crimes domésticos e por ser primário, o que não justifica permanecer no cárcere aguardando o desfecho do processo crime”.
Preso, o músico alegou aos policiais que estava retornando da casa de um amigo com a namorada, quando, dentro do carro, a vítima teria proferido xingamentos contra ele, o agredindo subitamente.
Philipe também negou que a jornalista estava com o filho no colo, alegando que a criança foi deixada no banco traseiro do carro.
A vítima compartilhou sua versão sobre os eventos envolvendo o músico, destacando a alegação de legítima defesa apresentada pelo suspeito. Ela mencionou que, além de não apresentar lesões no corpo, o músico não ofereceu ajuda nem a ela nem à filha após o incidente. “Como alguém, em uma situação como essa, ainda tem o direito de ver a criança? Alguém que age dessa maneira não deve ter liberdade”, afirmou ela em entrevista ao jornal MídiaMax.
A vítima também destacou que o suspeito se recusou a assinar o próprio depoimento prestado à Deam após sua prisão. “Nem ele valida o próprio depoimento”, disse, fazendo questão de ressaltar a inconsistência no comportamento do acusado.
Em depoimento, a jornalista revelou que viveu um ciclo de violência emocional durante os quatro anos em que manteve um relacionamento com o músico. Embora as agressões não tenham sido físicas, ela descreveu comportamentos manipulativos e abusivos. “Ele agia como um perfil manipulador, bate e depois assopra. Passei esse tempo todo vivendo idas e vindas nesse ciclo de violência”, contou.
Ela também relatou o impacto das agressões em suas filhas, que, ao presenciar os abusos, manifestaram o desejo de deixar a casa. “Minhas filhas não aguentavam mais a presença dele em casa. Elas presenciaram os xingamentos e o ambiente de hostilidade. No dia em que ele me agrediu, não houve nenhuma discussão entre nós, mas ele sabia que eu estava sozinha”, afirmou, reforçando a gravidade da situação.
Após ser preso, o músico foi afastado da banda Seven, uma que atuava como vocalista. A banda se manifestou nas redes sociais há 4 dias.