A Justiça condenou a mais de 302 anos de prisão 61 pessoas ligadas a uma facção criminosa originada no Rio de Janeiro, que articulava o domínio de presídios no Mato Grosso do Sul. Entre os condenados estão quatro advogados, acusados de atuar como "mulas" e "pombos-correios" da organização, e um policial penal que facilitava a entrada de celulares na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I, em Campo Grande.
O policial penal recebeu a maior pena individual, de 10 anos e 8 meses de prisão, por usar seu cargo para auxiliar a entrada de aparelhos telefônicos na unidade prisional, comprometendo a segurança e permitindo que lideranças criminosas operassem de dentro da cadeia.
As condenações são resultado da Operação Bloodworm, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que investigou a atuação da facção por 15 meses. A operação foi deflagrada em 5 de maio de 2023, envolvendo o cumprimento de 92 mandados de prisão preventiva e 38 de busca e apreensão em estados como Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo e Mato Grosso.
A investigação revelou que a facção se estruturava na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, utilizando celulares introduzidos de forma ilícita para coordenar atividades criminosas, como tráfico de drogas, comércio de armas e roubos. A organização se preparava para rivalizar com outra facção de São Paulo pelo controle do crime organizado no estado.
Além da associação com organização criminosa armada, os envolvidos foram condenados por tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva, além de crimes funcionais cometidos por servidores públicos corrompidos.
A operação resultou na apreensão de provas que revelaram o envolvimento de advogados e servidores no esquema criminoso. Os advogados usavam sua posição para repassar informações entre os líderes da facção, prática conhecida no meio como “gravata”.
A operação contou com o apoio de diversas forças de segurança, incluindo os Gaecos dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás, além do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Em razão do envolvimento de advogados, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou as ações nos estados investigados.