Uma professora de 39 anos foi brutalmente agredida pela mãe de uma aluna do 2º ano do Ensino Fundamental em Guarujá, no litoral de São Paulo. Em entrevista ao g1, Amanda dos Santos Monteiro relatou, nesta quinta-feira (12), estar profundamente traumatizada com o ataque e que não se sente capaz de retornar à sala de aula.
As agressões ocorreram em frente à Escola Municipal Valéria Cristina Vieira da Cruz Silva, localizada no bairro Morrinhos. Segundo Amanda, que dá aulas para crianças de 8 anos, o ataque aconteceu após o término do seu turno, enquanto aguardava uma carona. Foi então que a mãe da aluna, uma mulher de 34 anos, a surpreendeu por trás.
"Ela surgiu por trás sem que eu esperasse. Eu não tive tempo de reação nenhuma. Começou a me desferir vários golpes, puxar o meu cabelo, dar chute, me xingar. Me jogou no chão e começou a me dar muito chute e muito soco. Eu gritei muito por socorro, mas o pessoal ficou olhando", descreveu Amanda ao g1.
Durante o ataque, a professora levou algum tempo para reconhecer a agressora. Amanda só entendeu quem era quando a mulher começou a gritar que o motivo da violência era relacionado à filha. "Eu realmente achei que eu ia ficar ali naquele chão, esticada. [...] E eu não sei como eu saí disso, não sei como eu estou viva", acrescentou.
De acordo com Amanda, a mãe da aluna já havia feito ameaças anteriormente, pedindo para trocar a filha de classe. A escola atendeu ao pedido. "Ela falava que a filha não queria ir para a escola porque eu estava perseguindo, porque eu cobrava demais a menina, mas isso nunca existiu. A mãe criou uma fantasia", explicou a professora.
A situação teria se agravado após Amanda relatar à escola a quantidade de faltas da criança, que estavam prejudicando o seu desempenho escolar. "A mãe, sempre muito hostil, sempre muito agressiva, criou toda essa história de perseguição, ia na escola para me ameaçar", relatou. A escola decidiu trocar a aluna de sala como tentativa de resolver o conflito.
Amanda sofreu fraturas no nariz e várias lesões pelo corpo. No entanto, o trauma emocional parece ser o mais profundo. "Muita dor, muita revolta. Estou destruída, o meu emocional está quebrado", desabafou. A professora, que atua na área há 10 anos, afirma que não sabe se conseguirá voltar a lecionar. "Não penso nisso mais porque realmente o que eu vivi foi horrível", afirmou.
Em nota, a Prefeitura de Guarujá informou que a Secretaria de Educação (Seduc) repudia qualquer tipo de violência. A administração municipal destacou que Amanda foi socorrida pela diretora da escola e levada ao Hospital de Guarujá, onde recebeu atendimento médico e foi afastada por recomendação.
A prefeitura também declarou que, enquanto a Polícia Civil investiga o caso, a Seduc está oferecendo todo o suporte necessário, incluindo acompanhamento psicológico por meio de sua equipe multidisciplinar. "A Seduc abriu, ainda, um processo administrativo interno para avaliar se há outras medidas cabíveis à Administração Municipal", informou.
Além disso, o município destacou que desenvolve programas de combate à violência dentro e fora das escolas, como o Programa de Prevenção às Drogas e Violência (PPDV) e a campanha "Digo Sim ao Respeito".