A descoberta de quatro tipos de agrotóxicos em rios de Bonito, que vivencia acelerada mudança da pecuária para a lavoura, será discutida em reunião extraordinária do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente).
Conforme reportagem do Campo Grande News, levantamento da Fundação Neotrópica do Brasil encontrou, pela primeira vez, agrotóxicos nos rios do município. No Formoso, o corpo hídrico de águas verde-azuis, e no Verde, foi detectada a simazina. No Rio do Peixe, o levantamento acusou o tiametoxan. Já no Córrego Bonito, que corre na área urbana e é afluente do Formoso, apareceram fipronil e carbendazim. A reunião do conselho será no próximo dia 26, a partir das 14h. Pelo calendário oficial, o próximo encontro seria em 7 de agosto. Mas o debate foi convocado para “apresentação dos estudos sobre a presença de agrotóxicos em cursos d'água de Bonito, pela Fundação Neotrópica do Brasil, e deliberações pertinentes”. No mapa da produção, a área com cultivo de soja aumentou 26% em Bonito, no município turístico mais famoso de Mato Grosso do Sul. A conversão do uso do solo (sai o pasto e entra a lavoura) rende milhões, mas a adoção da monocultura (soja e milho) também deixa preocupação pelos impactos com uso de agrotóxico e pelas características diferenciadas da Serra da Bodoquena, que tem o chamado ambiente cárstico: cavernas, dolinas (depressão no terreno) e abismos. Desta forma, o solo se mostra frágil do que em outras regiões de MS. O avanço da soja é por conta do valor do grão, que lidera a balança de exportação de Mato Grosso do Sul. Sozinha, ela responde por US$ 2,3 bilhões no período de janeiro a junho. Parte dessa fortuna passa por Bonito.
A fundação faz levantamento de 1985 a 2022 sobre as mudanças no uso do solo em Bonito, Jardim, Bodoquena e Miranda. O estudo utiliza a base de dados do MapBiomas sobre conversão de área.
De acordo com o Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de Mato Grosso do Sul), a safra de soja 2022/2023 ocupou 70.430 hectares em Bonito. Na safra 2019/2020, o total foi de 55.516 hectares.
Conforme a Prefeitura de Bonito, o agronegócio é o setor com maior arrecadação no município, enquanto o turismo é o maior empregador.
Lavoura e silos às margens da MS-178, em Bonito.